“Além dos nossos aparelhos electrónicos preferidos, os nossos corpos também se estão a tornar em fontes de dados, do reconhecimento facial à recolha de informações do ADN. ‘Smart’, ‘mais seguro’, ‘mais saudável’ são narrativas comuns por trás dessas tecnologias digitais e biotecnologias que estão levando as já preocupantes práticas de perfilamento a um outro nível. Já existem empresas vendendo testes de ADN até para o que chamam de testes de infidelidade! E o contexto do Covid-19 também está a acelerar essa tendência, já que o reconhecimento facial está a ser apresentado como uma maneira de autenticação da identidade, seja para controlar os nossos movimentos pelos territórios, seja porque reduz o toque em dispositivos”, refere-se na apresentação deste projecto. E “tudo isso está a acontecer num contexto de aumento da vigilância, de governos de extrema direita, falta de regulação apropriada, além da utilização de algoritmos que reproduzem desigualdades de género, em todas as suas interseccionalidades de raça, género, sexualidade, classe, etnia, etc. Paralelamente, também crescem casos de práticas abusivas na partilha e monetização de dados sensíveis, como são os dados biométricos”.

Com essas ideias em mente, a Coding Rights lançou “From Devices to Bodies”, uma websérie em dois episódios de “conversas com mulheres e pessoas não-binárias, investigadoras que visam ampliar os debates sobre a implementação de biotecnologias e tecnologias digitais que funcionam baseadas na recolha de dados sobre os nossos corpos”.

Episódio 1: Recolha de dados de ADN

O primeiro vídeo analisa a “crescente recolha de informações de ADN por empresas e autoridades nos Estados Unidos, Brasil e Europa”, essencialmente, e parte da conversa no painel “A tale on DNA data collection”, organizado na Rightscon 2020, com Joana Varon e Mariana Tamari, da Coding Rights, Jennifer Lynch, directora de litígios sobre vigilância da Electronic Frontier Foundation (EFF), e Helen Wallace, directora executiva da GeneWatch.