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O Estado da Internet 2022 Autores: Pedro Fonseca (edição) Outubro de 2022 |
Há uma relação ingénua com a tecnologia. As pessoas adquirem bens inseguros, vivem despreocupadas sem proteção contra abusos exponenciados pelos dispositivos tecnológicos e, quando tudo corre mal, acusam as empresas a quem compraram os equipamentos e os serviços ou disponibilizou as aplicações gratuitas que usam avidamente.
Evgeny Mozorov descreveu esta tensão considerando que “simpatizar com as tecnológicas é uma forma perversa de síndrome de Estocolmo”, em que se vê os culpados como os salvadores, “em que começas a simpatizar com o terrorista que te capturou”.
É uma tensão que atravessa a leitura desta recolha de textos – alguns com mais de um século, como a missiva “Darwin entre as máquinas”, escrita em 1863: “Dia após dia, porém, as máquinas estão a ganhar-nos terreno; dia após dia estamos a tornar-nos mais subservientes a elas; mais homens são diariamente presos como escravos para cuidar delas, mais homens dedicam diariamente as energias das suas vidas inteiras ao desenvolvimento da vida mecânica”.
É disto e muito mais que vive esta obra, de conceitos novos e do estado da arte. Foi isto também que nos trouxe a Internet em 2022, dos futuros possíveis e do passado, da “assetização” da vida social permitida pelos poluídos dados, que não são ouro nem seus, à (des)informação sem moderação.
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