A indústria dos videojogos vale 116 mil milhões de dólares ao ano e lidera o sector do entretenimento, com o dobro dos lucros da música digital e dos cinemas combinados.

Como “ferramentas transformadoras de aprendizagem”, cobrindo “muitas vezes aspectos da história humana, economia, geograpia, cultura, tecnologia e guerra, os videojogos podem ser intencionalmente concebidos para propaganda nas populações e influenciar as tendências políticas dos utilizadores, funcionando como um ‘meio interactivo de influência’ ou ‘meio de radicalização'”.

Por outro lado, eles colocam uma “séria ameaça à privacidade” dos utilizadores, através da enorme quantidade de dados pessoais recolhidos pelos fabricantes dos videojogos.

Estes dados podem ser fornecidos sem intenção mas são também mal entendidos ou sequer antecipados pelos utilizadores, e passam por “inferências sobre a identidade biométrica de um utilizador, idade e sexo, emoções, capacidades, interesses, hábitos de consumo e traços de personalidade”.



Perante um tal conjunto de dados, investigadores da Alemanha e do Canadá defendem em “Surveilling the Gamers: Privacy Impacts of the Video Game Industry” que os videojogos precisam de ser analisados no âmbito da privacidade, “considerando a granularidade e a enorme escala da recolha de dados”, e por isso devem ter “o mesmo nível de escrutínio que outros serviços digitais, como motores de busca, aplicações de namoros ou plataformas de media social”.

Não será uma tarefa fácil, por diferentes razões. Por isso, a conclusão do estudo é de alerta: “nas actuais circunstâncias, é definitivamente aconselhável cautela. Assim como acontece com a navegação na Web, os utilizadores não devem esperar que a sua privacidade seja protegida ou mesmo respeitada ao jogar videojogos. Ao mesmo tempo, a solução desse problema não pode ser deixada para o utilizador individual. Apenas ONGs, instituições de investigação e agências governamentais com experiência em tecnologia estão equipadas para encontrar soluções sustentáveis para este problema complexo”.