As emissões de CO2 de uma conferência virtual foram quantificadas num novo estudo e a redução dessas emissões foi notória.

O evento online AirMiners, que decorreu a 13 de Maio de 2020, produziu 66 vezes menos emissões de gases de efeito estufa do que uma conferência física teria numa cidade como São Francisco (EUA). No entanto, esse tipo de conferência tem outros custos ambientais, segundo um estudo da Universidade do Michigan.

O objectivo foi criar um quadro global para calcular as emissões de carbono da conferência virtual pelo uso da energia de servidores e monitores, incluindo os recursos de fabrico e distribuição dos computadores utilizados, por exemplo.

Em resultado disso, “os impactos ambientais da conferência virtual permanecem significativos, especialmente à luz do aumento da conectividade com a Internet e do uso de videoconferência”, refere Grant Faber, da Global CO2 Initiative na U-M College of Engineering.

“Há projecções de que até 2030 as tecnologias de informação e comunicação podem consumir mais de 20% do fornecimento global de electricidade”, afirmou. “E à medida que o tempo passa e mais e mais pessoas se ligam à Internet para actividades com maior consumo de energia, como a mineração de Bitcoin, elas usarão cada vez mais electricidade”.

Nesse âmbito, “é importante saber o verdadeiro custo dos nossos comportamentos online e, ao quantificá-los, podemos agir. Por exemplo, a nossa conferência AirMiners foi capaz de estimar o nosso impacto e comprar compensações de remoção de carbono para tornar o evento negativo” em termos de emissões de dióxido de carbono.

No ano passado, Cristina Lopes afirmava em entrevista ao TICtank: “Após o COVID-19, espero bem que as pessoas mudem de atitude em relação às conferências virtuais. É certo que as conferências com presença física são importantes, e não podem, ainda, ser eliminadas totalmente. Mas é necessário reavaliar o número enorme de conferências e reuniões que são organizadas todos os anos, pelo menos em informática e tecnologia, que é o ramo que conheço melhor”.

Segundo a professora no Institute for Software Research, da Bren School of Information and Computer Sciences (University of California, Irvine), “o número de viagens que a minha comunidade faz é insustentável, e tem de diminuir radicalmente. As conferências e reuniões virtuais têm de começar a fazer parte do novo normal”.

O que estas posições demonstram é a necessidade de obter dados fidedignos e confiáveis sobre este tema – mas isso é difícil. Por exemplo, no início da pandemia, com os confinamentos generalizados, seria de supor que o impacto climático seria menor sobre a Terra mas sucedeu precisamente o contrário, como também revela este “Climate Impacts of COVID‐19 Induced Emission Changes“: a pandemia Covid‐19 alterou as emissões de gases e de partículas que afectam o clima. “Em geral, as emissões humanas de partículas arrefecem o planeta espalhando a luz do sol no céu claro e tornando as nuvens mais brilhantes para reflectir a luz do sol para longe da Terra”.

O texto mostra como “os confinamentos induzidos pelo Covid-19 levaram a reduções nas emissões de aerossóis e precursores”, o que levou à criação de “um pequeno efeito líquido de aquecimento na Terra durante a primavera de 2020”, com um pequeno “impacto dessas mudanças nas temperaturas regionais da superfície da Terra”.