30 segundos. É o tempo que alguém demora a imitar outra pessoa quando esta olha ou interage com o smartphone.

É um comportamento de imitação rápido, automático e subconsciente – um mimetismo – ou “efeito-camaleão” – explicado no artigo “Navigating from live to virtual social interactions: looking at but not manipulating smartphones provokes a spontaneous mimicry response in the observers“.

Segundo os autores, “ao recolher dados sobre pessoas durante as suas actividades diárias normais, testámos se olhar, mas não manipular, smartphones levava a uma resposta de mimetismo no observador”.

Este efeito foi notado e “sexo, idade e qualidade do relacionamento entre o experimentador e o observador não tiveram efeito na resposta de mimetismo do smartphone, que tendeu a diminuir durante as refeições sociais. Devido ao papel da comida como uma ferramenta para aumentar a afiliação social, é possível que, durante a alimentação comunitária, as pessoas se envolvam noutras formas de mimetismo envolvendo expressões faciais e posturas, em vez do uso de objectos”.

À questão potencial sobre o objectivo deste tipo de estudos, eles notam que compreender os comportamentos sociais, “os mecanismos etológicos do uso de smartphones na escala social quotidiana poderia desvendar os processos que estão na base do uso generalizado/crescente desses dispositivos em larga escala”.

Este tipo de resposta, “rápida e automática, deve-se provavelmente ao facto de as pessoas se imitarem sem perceber” e que evoluiu “nas sociedades humanas para ajudar as pessoas a relacionarem-se” – embora “imitar o uso do telemóvel possa ter o efeito oposto”, refere Elisabetta Palagi, da Universidade de Pisa, e co-autora do estudo.

“Temos a necessidade de seguir as normas que nos são impostas pelas pessoas ao nosso redor, para [combinar] as nossas acções com as delas de forma automática”, diz. “Mas os smartphones podem aumentar o isolamento social por meio da interferência e interrupção de actividades contínuas da vida real”. E, “pior ainda”, as pessoas sem esse tipo de equipamentos não conseguem reproduzir esse comportamento, pelo que “podem sentir-se especialmente isoladas”.

Ao analisar o comportamento de 88 mulheres e de 96 homens em 820 situações diferentes, os investigadores “descobriram que 50% das pessoas olhavam para o telefone 30 segundos após o ‘gatilho’ tocar e olhar para o seu telefone, mas apenas 0,5% das pessoas o fizeram quando ele tocou o telefone sem olhar para ele”. Segundo Palagi, “é prestar atenção ao telefone que desencadeia o mimetismo”.