Este artigo “analisa a contestação local a centros de dados na província holandesa de North Holland. Explora-se porque e como os conselheiros locais e grupos de cidadãos se mobilizaram contra os centros de dados e exigiram a democratização dos processos de tomada de decisão sobre infra-estruturas digitais. Esta análise é utilizada como uma vantagem para problematizar as narrativas políticas e académicas existentes sobre a soberania digital na Europa.
Mostra-se, em primeiro lugar, que a maioria dos debates sobre a soberania digital até agora ignoraram o nível subnacional, o que é especialmente relevante para a tomada de decisões sobre a infra-estrutura digital.
Em segundo, insiste-se que o que importa não é apenas onde reside a soberania digital, ou seja, quem tem o poder de decidir sobre projectos de infra-estruturas digitais: por exemplo, empresas, estados, regiões, ou municípios.
O que importa é também a forma como o poder é exercido. Salientando a dimensão democrática popular da soberania, defende-se uma democratização abrangente das políticas de soberania digital. A democratização neste contexto é concebida como um processo multimodal a vários níveis, incluindo parlamentos, sociedade civil e cidadãos, tanto a nível nacional, regional e local. Devem ser os cidadãos a decidir sobre a forma da cloud”.