O interesse em empresas da publicidade com forte componente tecnológica tem sido desincentivado pela constatação de quem lidera o mercado da publicidade online. Agora, está a surgir um interesse nestas empresas de publicidade e marketing tecnológico, também suportado no “streaming” sustentado pela publicidade.

Esta mudança evolutiva do consumo da televisão tradicional irá naturalmente afectar como os anúncios na televisão vão ser comprados e vendidos, antecipa Irwin Gotlieb, antigo presidente da agência GroupM.

Gotlieb olha para estas tendência com base em “duas grandes dinâmicas”, a mudança no consumo do conteúdo linear tradicional para o não-linear e o crescimento dos conteúdos acessíveis por assinatura paga.

Há uma clara distorção do mercado norte-americano quando apenas três empresas – Amazon, Google e Facebook – conseguem 50% das receitas publicitárias.

“Apesar de um declínio devido à pandemia do Covid-19, os gastos com publicidade nos EUA atingiram um pouco mais de 225 mil milhões de dólares em 2020”, refere a Visual Capitalist.

Desse valor, “o triopólio da publicidade da Big Tech facturou cerca de 120 mil milhões e está a conquistar mais quota de mercado a cada ano. Uma razão para isso é a mudança da indústria para os anúncios digitais, que agora representam quase dois terços de todos os gastos com publicidade”.

Esta mudança para a “era digital” mereceu recentemente da entidade reguladora britânica dos media Ofcom uma análise com várias recomendações ao Governo “para garantir que os media de serviço público (PSM) sobrevivem e prosperam” na próxima década e para lá desse calendário.

Após ouvir vários interessados no sector, e também audiências, académicos ou analistas, emergiram “duas questões principais – a importância do PSM para os telespectadores do Reino Unido e a necessidade urgente de actualizar o sistema para garantir a sua sustentabilidade futura”.

O trabalho da entidade reguladora salienta que não chegam apenas as mudanças na estrutura existente “para preservar os benefícios da PSM e abordagens adicionais são necessárias”.

Em primeiro, “os fornecedores de PSM devem estabelecer parcerias estratégicas mais ambiciosas”, como ocorreu com o Channel 4 e a Sky, por exemplo, que expandiram a sua parceria para conteúdos, tecnologia e inovação.

Outras empresas devem ser também encorajadas a produzir conteúdos de serviço público. “Isso poderia significar aproveitar a ampla gama de notícias originais de elevada qualidade, drama e programação de artes oferecida por fornecedores comerciais existentes, como Sky e Discovery”, refere o documento.

Mas também se pode “encorajar” o aparecimento de novos fornecedores de conteúdos de serviço público – “em plataformas de media social, por exemplo – para atingir públicos que não se ligam a emissoras em plataformas de TV tradicionais”.

No âmbito dos incentivos económicos, “o Governo deve avaliar a necessidade de apoio financeiro para agregar valor ao público em certas áreas”, algo que pode ser feito com diferentes incentivos, como um financiamento contestável ou pela redução de impostos.