[A Anacom está a usar a constelação de satélites Starlink para pressionar os operadores nacionais de telecomunicações a investirem em ligações à Internet nas zonas remotas de Portugal. No entanto, apesar do incentivo regulador, os valores da Starlink para Portugal nem sequer são muito acessíveis, tanto no modelo de aluguer como neste apresentado para uma proposta de aquisição do equipamento:
A entidade reguladora do sector das telecomunicações, que em Março de 2021 licenciou a divisão da SpaceX para operar no país, tem apresentado a empresa de Elon Musk “como uma alternativa acessível para resolver de forma rápida o problema da conectividade em locais recônditos onde a cobertura dos operadores de telecomunicações ainda não chega ou é insuficiente“.]
Há três anos que a empresa SpaceX de Elon Musk está a enviar para órbita um número sem precedentes de satélites. Mas alguns desses satélites também estão a cair na Terra.
Um deles foi observado a 3 de Abril no oeste dos Estados Unidos, enquanto se incendiava na atmosfera. Fazia parte de um grupo de 21 satélites lançados a 27 de Fevereiro. Segundo o astrofísico Jonathan McDowell, que acompanha os lançamentos desta constelação de satélites, um número indeterminado de satélites não conseguiu atingir as órbitas previstas. E um dos 21 – o que foi visto a 3 de Abril – foi enviado numa trajectória descendente para se desintegrar na atmosfera.
Pelo menos 14 outros estão destinados a ter o mesmo destino num futuro próximo, embora alguns estejam entre os 3.912 que foram anteriormente colocados em órbita. O projecto Starlink da SpaceX – que tem como objectivo fornecer cobertura de Internet global – lançou, de facto, um número sem precedentes de satélites, e a lista total dos que foram autorizados até agora pelas autoridades norte-americanas atinge os 7.500.
No entanto, um número invulgarmente elevado já desapareceu: 305 dos 3.912 arderam na atmosfera. Em Fevereiro de 2022, nada menos do que 40 não conseguiram entrar em órbita devido a uma erupção solar.
Os 21 satélites lançados em Fevereiro são o primeiro grupo da segunda geração de satélites Starlink, denominados V2Mini: são maiores (cerca de 800 quilos contra os anteriores 300) e supostamente mais potentes do que os antecessores, mas os verdadeiros representantes desta segunda geração, a lançar ainda este ano ou em 2024, serão ainda maiores (2000 quilos).
Num tweet lacónico, a 22 de Março, Musk reconheceu que o novo grupo estava a “ter alguns problemas” que poderiam exigir que alguns fossem “desorbitados”, ou seja, retirados de órbita.
Aqueles que há anos se preocupam com a poluição espacial, com o número crescente de naves espaciais em órbita que correm o risco de colidir, têm razões para se preocuparem quando olham para o progresso do projecto Starlink: com mais de 3.600 satélites ainda em órbita, já representa mais de metade de todos os satélites activos em órbita. O número de satélites também começa a ter impacto na astronomia, uma vez que cada um deles é um grande pedaço de metal que reflecte os raios solares.
Por Agence Science-Presse. Imagens de Satellitemap.space, ESA.