A Big Brother Watch editou na semana passada o relatório “The Streets Are Watching: How Billboards Are Spying On You“, onde revela como diversas empresas conseguem acesso aos dados de milhões de telemóveis para assim “decidir quais anúncios devem ser exibidos nos ‘outdoors'” publicitários.
Localizações por GPS, a interacção dos utilizadores com as aplicações móveis (apps) “e até mesmo o tipo de loja que visitam são usados para gerar perfis para publicidade”.
As técnicas de perfilagem são semelhantes às usadas para os anúncios online mas essas empresas “decidem agora que anúncios as pessoas vêem enquanto caminham pela rua”. Ou, como refere a organização de defesa da privacidade, “a publicidade intrusiva da Internet saiu do ecrã para o mundo real”.
Outras conclusões do trabalho da Big Brother Watch alegam que “perfis de pequenos grupos de interesse estão ligados a dados de rastreamento por GPS em grandes modelos predictivos que permitem às marcas saber onde tipos específicos de pessoas podem estar a qualquer hora do dia”, para assim poderem segmentar que publicidade mostram certos “outdoors”. A garantia de eficácia publicitária é conseguida quando estas ferramentas “podem dizer se alguém passou pelo anúncio de uma marca e permitir que a marca re-direccione o anúncio para o seu telemóvel” e assim reforçar a mensagem.
Esta situação depende dos utilizadores, “que concordam com as pequenas letras densas e linguagem vaga nas políticas de privacidade” com que as empresas querem obter o “consentimento” para processamento e venda dos dados.
A Big Brother Watch nota ainda que “este desenvolvimento invasivo na tecnologia de publicidade surge quando (…) existem potencialmente milhares de ‘outdoors’ capazes de usar câmaras de leitura facial para personalizar anúncios a quem está a passar, em centros comerciais, na rua e até em táxis.
“Descobrimos novas maneiras em que os movimentos e comportamentos de milhões de pessoas são rastreados para nos mostrar anúncios nas ruas, resultando em algumas das vigilâncias publicitárias mais intrusivas já vistas no Reino Unido”, refere Jake Hurfurt, responsável de investigações da organização. “São urgentemente necessárias reformas radicais para forçar apps, rastreadores e colectores de dados a respeitar a privacidade das pessoas, dar-lhes escolhas reais sobre como os seus dados são usados e serem transparentes sobre como os estão a usar. A [comissão de protecção de dados] deve abrir uma investigação de alta prioridade sobre como a publicidade online intrusiva se está a espalhar pelas ruas”.