A media, tanto a tradicional como a social, teve um papel descomunal durante a pandemia ao impulsionar a resposta do governo dos EUA ao Covid e a defender as medidas coercivas resultantes, incluindo os confinamentos, encerramento de escolas, obrigação de uso de máscaras e das vacinas, ignorando danos colaterais e tratando os cépticos dessas medidas como tendo más motivações. O resultado foi uma narrativa unilateral, muitas vezes factualmente enganadora ou infundada sobre questões importantes relacionadas com a ciência, economia e saúde, durante boa parte de quase dois anos.

Isto teve um efeito assustador nos fluxos de informação e no jornalismo, e distorceu dramaticamente a compreensão do público em muitas áreas, da ciência à saúde, à economia e ao papel adequado da media numa sociedade livre. Como consequência dessa mudança no ethos da media, a confiança caiu drasticamente para apenas 16% da população total com confiança nos jornais e apenas 11% com confiança na TV, com diferenças partidárias na maneira como as pessoas respondem aos inquéritos.

Além disso, o cancelamento e a censura foram institucionalizados na cultura da media legada de uma maneira que prejudicou a livre troca de ideias e as mensagens de saúde pública em geral. Isto culminou na criação (e dissolução quase imediata) de um Conselho de Desinformação (“Disinformation Board”) no Departamento de Segurança Interna (DHS), mas o problema inicou-se muito antes e continuou até hoje. E, no entanto, até ao momento em que este artigo foi escrito, muitas tentativas de partilhar artigos científicos no Facebook são recebidas com avisos desanimadores, enquanto os utilizadores do Twitter e do LinkedIn são ameaçados de terem as contas apagadas.

Muitas questões cruciais permanecem sobre exatamente como isto aconteceu e ainda está a acontecer. Isto precisa de investigação. Entre as questões: até que ponto a media cooperou com o governo no esforço de conduzir uma narrativa e suprimir outras concorrentes? Houve razões sociológicas? Financeiras? Foi puramente um caso da imprensa livre consentir no controlo do governo ou imaginando-se como parte do regime, caso em que [se pode perguntar] no que aconteceu com a Primeira Emenda? Está certo que a media legada deve ser sozinha o árbitro da ciência e da opinião admissível?

Este relatório [“Articles of Inquiry: The Role of Media“, em inglês] analisa as principais questões que exigem investigação, cita exemplos de preconceito e censura, apresenta uma linha do tempo da cobertura da media pró-confinamento e sugere uma agenda para uma investigação mais extensa. Os autores esperam que este relatório possa servir como um guia útil para uma análise mais profunda desse uso sem precedentes do poder da media para moldar a resposta à pandemia.

Artigo de Scott Morefield, Jordan Schachtel e Jeffrey A. Tucker, publicado originalmente pelo Brownstone Institute (CC). Nota: Segundo o MedPage Today, o Brownstone Institute “promove” algumas ideias “controversas” sobre o Covid-19. Foto de Marco Verch (CC).