Os algoritmos de filtragem de spam (ou SFA, de “spam filtering algorithms”) nos serviços de email “têm um enviesamento bastante perceptível. Eles marcam emails com características semelhantes de candidatos de uma filiação política como spam” mas não o fazem para spam semelhante de candidatos de outra filiação política.
A constatação parte de um trabalho de investigadores do Department of Computer Science, na North Carolina State University (EUA), que analisaram a filtragem de spam nas eleições norte-americanas de 2020.
A cor política do remetente parece desempenhar algum papel na decisão dos SFAs, referem, mas há ainda a possibilidade de os SFAs nos serviços de email terem “aprendido com as escolhas de alguns eleitores que marcam certos emails de campanha como spam e começaram a fazê-lo em emails semelhantes para outros eleitores”.
No entanto, apesar de não detectarem “tentativas deliberadas desses serviços de email de criar esses preconceitos para influenciar os eleitores, permanece o facto de que os seus SFAs aprenderam a marcar mais emails de uma filiação política como spam por comparação com a outra”.
Os serviços analisados – Gmail, Outlook e Yahoo – “são usados activamente por uma parcela considerável da população votante” e esse enviesamento pode “ter um impacto inegável nos resultados de uma eleição”.
Em segundo, o SFA adapta-se às preferências do utilizador, “muito fortemente para o Gmail e em menor medida para o Outlook e o Yahoo [mas] essa adaptação não elimina necessariamente o viés político”.
Os autores não conseguiram encontrar quaisquer acções que se possam recomendar para diminuir este enviesamento e, pelo contrário, alertam mesmo que “as tentativas de reduzir os enviesamentos dos SFAs podem afectar inadvertidamente a sua eficácia”.
Desde que surgiu no século passado, o spam tem sido um problema. O problema agudizou-se a 12 de Abril de 1994, quando um casal de advogados colocou uma mensagem publicitária num dos newsgroups da Internet, que ficou conhecida por “Green Card Spam“.
Iniciou-se o dilúvio de mensagens electrónicas não solicitadas que, em Julho do ano passado, chegou a quase 283 mil milhões dos 336,4 mil milhões de emails enviados.
A ideia dos advogados Laurence Canter e Martha Siegel para o “spam que começou tudo“, visou levar os potenciais clientes a acreditar que necessitavam de pagar pela sua ajuda para a tarefa gratuita de legalização norte-americana. Alegadamente, tiveram algum sucesso financeiro.
Apesar de serem reconhecidos como os primeiros a enviar spam, é Gary Thuerk quem assume ser “o pai do spam, o avô do spam, o ‘spammer’ original” que terá enviado 400 mensagens de email em 1978 para vender computadores da Digital Equipment Corporation (DEC).
Por fim, é o spam um problema que se pode resolver? Dificilmente mas talvez seja possível atenuá-lo com soluções como o Internet Mail 2000 que, explicado de forma simples, atribui a tarefa de armazenar os emails ao fornecedor de serviço de Internet (ISP) do emissor do spam. Será ali que o destinatário os vai buscar e não ao seu ISP. “O armazenamento do email é responsabilidade do emissor”, afirma-se. Por isso, penalizar financeiramente o emissor e não o destinatário do spam talvez funcione. Talvez.