À medida que os Boomers continuam a reformar-se, mais mudanças certamente estarão no horizonte, à medida que os Millennials e os Zoomers se tornam a força de trabalho dominante no país.

Este ano está a chegar uma perspectiva totalmente nova ao trabalho. A última década erodiu a cultura de fato e gravata, e a pandemia da Covid-19 acelerou mudanças revolucionárias na América corporativa. A cultura de startups continua a dominar, e os Millennials e os Zoomers tornaram-se a força de trabalho predominante à medida que os Boomers se reformam em massa. Dos cubículos de trabalho a desaparecerem a empregos cada vez mais remotos, tudo mudou.

Uma coisa que não se alterou, porém, é o comportamento humano. Perante os desafios, as pessoas resolverão problemas e farão as coisas acontecerem.

Isso demonstra que não apenas as coisas continuarão a melhorar, mas também que a automação não devorará empregos, como muitos temem. A inteligência artificial e a aprendizagem por máquina abrirão novas oportunidades à medida que a força de trabalho cresce e muda.

Eis algumas das previsões mais plausíveis sobre as tendências do mercado de trabalho e como as coisas continuarão a mudar.

1. A Grande Demissão
A mudança mais abrangente e contínua que as pessoas estão a experimentar é a chamada “Grande Demissão”. De acordo com inquéritos, 44% dos funcionários são “procuradores de emprego”. Isso significa que quase metade dos empregados está à procura de um novo emprego ou planeia fazê-lo em breve. As taxas de desemprego dispararam no início da pandemia, quando muitas empresas fecharam. De forma aparentemente arbitrária, muitas pessoas ficaram sem trabalho dependendo de serem declaradas “essenciais” ou não.

Salários mais altos, inflação e ofertas de trabalho mais flexíveis são todas as razões pelas quais as pessoas estão à procura de novos empregos actualmente. Também não há sinal de desaceleração – 4,3 milhões de pessoas deixaram os seus empregos em Janeiro. Em 2021, quase 48 milhões de pessoas despediram-se.

A Grande Demissão pode ser pensada como o resultado de muitos factores que se aglutinam e se manifestam na força de trabalho global. Como não mostra sinais de parar, a Grande Demissão pode tornar-se o novo padrão de trabalhadores a despedirem-se sempre que quiserem.

2. Os trabalhadores vão procurar mais liberdade
A Grande Demissão é impulsionada pelo próximo factor. Os trabalhadores querem mais liberdade e independência. Muitos empregos ficaram remotos durante a pandemia, e os trabalhadores agora esperam que isso continue.

O aumento do horário de trabalho flexível significa que funcionários com espírito empreendedor podem desenvolver um negócio e começar a gerar rendimentos ou a ter um trabalho paralelo para ganhar um rendimento extra.

Desenvolver um negócio é uma óptima maneira de os trabalhadores abandonarem a rotina das 9 às 5 e evitar o temido regresso ao escritório. Voltar ao escritório pode significar menos tempo de qualidade em casa, mais tempo de deslocações e mais tempo para enriquecer os outros. Os trabalhadores querem evitar passar horas no carro quando podem passar tempo de qualidade com os seus amigos e familiares.

Os empregadores já sabem disto. Para reter talentos, terão que encontrar maneiras de dar aos funcionários mais liberdade e maior independência.

3. Automação e tecnologia vão dominar
Outro factor perturbador é a maior automação e a adopção mais ampla da tecnologia. Esta adopção não significa apenas que mais pessoas estão a usar calendários digitais. Também significa que os funcionários estão a aproveitar a inteligência artificial, redes neurais e microsserviços da Web para ajudá-los a fazer o seu trabalho. O advento da Internet costumava ser chamado de era da informação, e agora, mais do que nunca, isso tornou-se verdade.

Muitas empresas adquirem, processam, armazenam e vendem grandes quantidades de informação. Novas oportunidades também surgiram para trabalhadores que são mais bem treinados nessas áreas baseadas em tecnologia. Trabalhadores com experiência em linguagens de programação orientadas a objectos são cada vez mais procurados. Hoje, existem cargos e áreas que nem sequer existiam há 30 anos.

Os trabalhadores de hoje precisam de entender os dados e as tecnologias disponíveis para aproveitar os dados de um negócio. À medida que a computação em nuvem e o trabalho remoto se tornam mais comuns, essas tecnologias só se tornarão mais importantes para os funcionários entenderem.

4. Aumento da procura por benefícios
Outra tendência que se pode esperar que continue é que os funcionários desejam maiores benefícios e segurança de rendimento. Uma óptima forma de garantir essa segurança é com o seguro de vida. Por exemplo, o seguro de vida custa em média entre 15 e 100 dólares por mês no Canadá. Da mesma forma, um homem saudável pode esperar pagar 21 dólares por mês nos EUA. No entanto, com a inflação a aproximar-se dos 8%, mais trabalhadores procuram empregos que lhes garantam rendimentos suficientes para cobrir os seus anos de reforma.

Mais benefícios não significam apenas planos de reforma. Também pode significar benefícios de saúde e melhor tratamento geral. Por exemplo, ambientes de trabalho precários têm sido um dos principais factores que impulsionam a sindicalização das lojas Starbucks em todo o país. De qualquer forma, os empregadores podem esperar que os funcionários exijam mais.

5. Espere ainda mais saltos de emprego
Não sucede apenas que os trabalhadores estão em massa à procura de trabalho como muitos trabalhadores não permanecem mesmo depois de serem contratados. Uma grande razão pela qual as pessoas estão a mudar de emprego é que não estão a receber os benefícios, o ambiente de trabalho ou a remuneração que desejam. À medida que Zoomers e Millennials constroem a sua experiência de trabalho, geralmente descobrem que as empresas estão dispostas a pagar mais pelo seu talento.

A conversa também está a mudar. Antigamente, era tabu discutir o vencimento mas agora mais pessoas estão a recorrer ao TikTok para discutir quanto estão a ganhar. As empresas não podem mais enganar os funcionários para que permaneçam num emprego sem futuro quando as informações sobre remuneração, estilo de vida e ambiente de trabalho estão disponíveis publicamente.

6. Ganhos paralelos vão ser a norma
Muitas pessoas também estão a voltar-se para fontes alternativas de rendimento. Por exemplo, comprar e vender criptomoedas é uma maneira de ganhar dinheiro adicional a que muitas pessoas recorrem. Outros aproveitaram o seu tempo livre para criar sites de comércio electrónico, aproveitando os media sociais. Até mesmo empregos como dirigir para a Uber ou a Lyft oferecem benefícios e dão aos funcionários mais liberdade do que os empregos tradicionais. A chamada “Gig Economy” [“economia do biscate”] veio para ficar, e cada vez mais pessoas estão a encontrar maneiras de complementar o seu rendimento.

7. A advocacia corporativa continuará a crescer
A mudança social também é fundamental. Os funcionários e a sociedade em geral estão a exigir que as corporações sejam responsabilizadas sobre como o seu comportamento impacta o mundo. Por exemplo, os funcionários da Disney começaram a planear uma paralisação em massa em resposta a supostas falhas da empresa em apoiar um ambiente de trabalho inclusivo para indivíduos LGBTQIA+. Outras empresas viram-se no centro da controvérsia por investir em combustíveis fósseis e fontes de energia não-verdes.

Os governos também estão a pressionar as empresas. Foi anunciado recentemente que a SEC propôs novas regras de divulgação climática que exigiriam aos investidores saberem sobre a sua pegada de carbono. Quer as pessoas concordem ou não com essas mudanças, uma coisa é certa: exigir mudanças sociais das empresas só vai continuar.

Conclusão: estamos a viver uma reviravolta histórica
Em resumo, são os trabalhadores que fazem as exigências hoje. Inquéritos mostram que os funcionários têm agora mais poder de negociação do que alguma vez tiveram.

Com mais pessoas a exigirem ambientes de trabalho flexíveis e melhores salários, automação e tecnologia dominando em quase todos os campos, não é de admirar que os funcionários estejam a mudar de emprego. À medida que os Boomers continuam a reformar-se, mais mudanças certamente estarão no horizonte, à medida que os Millennials e os Zoomers se tornarem a força de trabalho dominante no país.

Artigo original publicado na FEE (CC). Fotos: Gabriel Saldana (CC) e Brian J. Matis (CC).