“Os efeitos nocivos da economia da atenção estão a tornar-se cada vez mais tangíveis e presentes no debate público. O desafio é então lutar contra os perigos desses modelos tecnológicos e económicos, sem condenar o digital ou os ecrãs em geral, nem sujeitar os cidadãos a restrições restritivas.
Muitas medidas podem ser discutidas nesse sentido.
Assim, para superar essa alternativa entre a exploração das atenções e a restrição das liberdades, as autoridades públicas têm todo o interesse em organizar, apoiar, promover e investir em novas formas de cooperação entre investigadores, profissionais de educação e saúde, associações, empresas e fabricantes de audiovisuais e digitais. Juntos, esses actores poderão refletir sobre novos modelos tecnológicos baseados em lógicas económicas que não dependem do marketing, da publicidade e do consumo, mas que são promissores para as populações”.
As conclusões são do Conseil National du Numérique francês e integram o documento “Votre attention, s’il vous plaît! Quels leviers face à l’économie de l’attention?“, que procura servir de debate para mudanças “essencialmente colectivas, sejam jurídicas, políticas, sociais, educativas ou de design” no âmbito da economia da atenção.
O trabalho procura debater direitos e obrigações, “como
1. A consagração de um direito a ser informado sobre os dispositivos de captura atencional;
2. O estabelecimento de uma política europeia de combate aos riscos associados aos modelos de negócio na economia da atenção;
3. Reconhecimento do direito de configurar conteúdos e transmissores;
4. Sanções por designs abusivos e enganadores;
5. Reforço do direito a desligar;
6. A criação de um direito de interoperabilidade entre plataformas.
7. Sensibilizar os cidadãos para os desafios psicológicos e sociais da economia da atenção;
8. Reforçar a educação crítica e prática para os media digitais no quadro de projetos escolares e extracurriculares;
9. Encarregar a escola para conceber e experimentar suportes e práticas digitais que cultivem a atenção profunda e a atenção conjunta;
10. Desenvolver investigação transdisciplinar sobre “as tecnologias do espírito” e integrá-las na formação de profissionais de educação e de cuidados;
11. Pensar as políticas relativas aos nossos locais de vida;
12. Apoiar, conceber e desenvolver novas práticas e novos dispositivos digitais que reforcem a atenção conjunta e os laços sociais sem reduzir os indivíduos a comportamentos instintivos ou a mecanismos cognitivos”.