A pandemia marcou “profundamente” o ano passado para o sector dos orgãos de comunicação social (OCS) e acelerou “a tendência de transição para um mercado mais centrado no digital”, revelou a Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) numa análise económico-financeira sobre o sector.
O documento – relativo a 2020 mas apenas divulgado neste final de 2021 – reflecte a informação reportada pelas empresas reguladas e por “informação financeira detalhada recolhida junto de um universo representativo” das mesmas, que dá um “retrato” de cada um dos grupos ou empresas envolvidos.
Os principais dados do estudo, apontados pela ERC, mostram que
– a publicidade continuou a ser a principal fonte de receitas das empresas de media, com um peso muito semelhante ao registado no passado, mas com decréscimos relevantes em termos absolutos;
– houve contracção na venda de conteúdos, “dadas as restrições de mobilidade e a ausência de grandes eventos desportivos ou culturais”;
– as plataformas Over the Top (OTT) beneficiaram da crescente procura de conteúdos derivada dos confinamentos.
Segundo os dados da Plataforma da Transparência dos Media da ERC, “os rendimentos totais do sector de comunicação social contraíram-se 6,9%, acima do valor registado em 2019. Apenas 37% das empresas apresentaram crescimento dos rendimentos operacionais, abaixo dos 52% do ano anterior”.
Os resultados líquidos positivos foram atingidos por 63 % das empresas – “uma percentagem inferior aos anos anteriores”.
O maior impacto negativo ocorreu nas “empresas de menor dimensão, de rádio tradicional e publicações periódicas”, enquanto “as empresas multimédia, proprietárias de OCS de vários tipos, mostraram-se mais sólidas e rentáveis do que as empresas monomedia, proprietárias de órgãos de comunicação social de apenas um tipo”. Neste caso, a excepção foram os operadores de rádio por Internet, “que se situaram entre os mais favorecidos”.
Os OCS com operações online “apresentaram maiores níveis de rentabilidade do que os restantes, o que sugere que a combinação de serviços de Internet com outros segmentos de comunicação social pode ser positivo”.
No final de 2020, a Base de Registos da ERC listava em actividade “1.716 publicações periódicas, 305 empresas jornalísticas, 284 operadores de radiodifusão, 129 serviços de programas distribuídos exclusivamente pela Internet, 25 operadores televisivos, 11 operadores de distribuição de televisão (STVS) e duas empresas noticiosas”.