Centenas de instituições do ensino superior norte-americano usam algoritmos para alocarem bolsas “estrategicamente” e assim convencerem mais alunos a inscreverem-se nesses estabelecimentos.

Segundo o recente estudo “Enrollment algorithms are contributing to the crises of higher education“, do Center for Technology Innovation, ao fazerem tais selecções, “esses algoritmos de gestão de matrículas ajudam as faculdades a variar o custo da frequência de acordo com a disposição para pagar dos alunos, um aspecto crucial da competição no mercado do ensino superior”.

Os algoritmos analisam inicialmente se potenciais candidatos se matriculam e, numa segunda fase, “ajudam a decidir como desembolsar bolsas de estudo para convencer mais desses potenciais alunos a frequentarem a faculdade”.

Este tipo de software é “valioso” para o planeamento institucional e a estabilidade financeira das faculdades, servindo de ferramenta “para ajudar a alcançar resultados financeiros, demográficos e escolares”.

No entanto, estes algoritmos “podem estar a prejudicar os alunos, especialmente devido ao seu foco restrito nas matrículas. A evidência predominante sugere que esses algoritmos geralmente reduzem o valor de financiamento da bolsa de estudos oferecida aos alunos”.

Além disso, o seu uso também “abre muitos canais subtis para a discriminação algorítmica perpetuar práticas injustas de ajuda financeira”, podendo mesmo estar a piorar as já “baixas taxas de graduação, o elevado endividamento estudantil e a estagnada desigualdade para as minorias raciais”.

O estudo propõe algumas recomendações para atenuar os riscos destes algoritmos e realça que, “de forma mais ampla, os decisores políticos devem considerar os algoritmos de gestão de matrículas como um sintoma preocupante de tendências pré-existentes em direcção a mensalidades mais altas, mais dívidas e reduzida acessibilidade no ensino superior”.

Foto: John Trainor (CC)