Investigadores na revista Resources, Conservation and Recycling chamam-lhe “Bitcoin’s growing e-waste problem“.
A abordagem não é sobre quanta energia é usada pelas criptomoedas ou se consome mesmo muita energia – o consumo já é maior este ano do que no total de 2020 e são gastos actualmente 110 Terawatts/hora por ano ou 0,55% da produção global de electricidade, segundo o Cambridge Center for Alternative Finance.
É muito? É pouco? “Como se responde a isso provavelmente depende de como se sente em relação à Bitcoin. Se acredita que a Bitcoin não oferece nenhuma utilidade além de servir como um esquema Ponzi ou um meio para lavagem de dinheiro, então é apenas lógico concluir que consumir qualquer quantidade de energia é um desperdício. Se é uma das dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo que a utilizam como ferramenta para escapar da repressão monetária, inflação ou controlos do capital, provavelmente pensa que a energia é extremamente bem gasta”.
Mas o que Alex de Vries (fundador do holandês Digiconomist) e Christian Stoll, do MIT Center for Energy and Environmental Policy Research, fizeram foi analisar “o que muitos estudos até agora ignoraram”: a vida útil do hardware que pode fazer aumentar o lixo electrónico a nível global.
Segundo os seus cálculos, até Maio passado, eram criadas anualmente 30,7 quilotoneladas métricas de lixo electrónico, com cada transacção processada na blockchain a gerar uma média de 272 gramas.
“No pico do valor da Bitcoin observado no início de 2021, a quantidade anual de lixo electrónico pode ter crescido até às 64,4 quilotoneladas métricas”, notam.
O problema paralelo é que muito do lixo electrónico europeu acaba em África, nomeadamente no Gana, Nigéria ou Tanzânia, como revela esta investigação.
A solução não passa pela directiva da UE sobre o movimento transfronteiriço de resíduos eléctricos e electrónicos que introduziu uma “lacuna” sobre reparações que “arrisca minar os ganhos da Convenção de Basileia e ameaça ‘orientar comerciantes sem escrúpulos a exportar todos os tipos de produtos electrónicos de consumo estragados ou não-testados fora dos procedimentos de controlo da Convenção de Basileia, reclamando simplesmente tratar-se de exportação para reparações'”.
Por outro lado, apesar das grandes empresas tecnológicas parecerem assumir “compromissos ousados para lidar com o impacto climático”, o seu “envolvimento é quase inexistente” quando têm de “usar a sua força corporativa para defender políticas climáticas mais fortes. Segundo o “think tank” InfluenceMap, citado no Guardian, “Apple, Amazon, Alphabet (Google), Facebook e Microsoft investiram cerca de 65 milhões de dólares em lobby em 2020, mas uma média de apenas 6% da sua actividade de lobby entre Julho de 2020 e Junho de 2021 estava relacionada com a política climática”.
Foto: Mirko Tobias Schäfer (CC)
[act.: In 2021, human beings will discard an estimated 57.4 million tonnes (approximately 63.3 million U.S. tons) of electronic waste. That waste will outweigh the Great Wall of China, the world’s heaviest human construction. This is why the WEEE Forum is calling for these items to be repaired or recycled instead of discarded.]