A descrença nos media tradicionais esté ligada ao facto de cada vez mais os utilizadores online terem a sua dose diária de informação através das redes sociais.
Investigadores noruegueses analisaram os efeitos das percepções pessoais da distribuição das notícias no Facebook e respectiva credibilidade, expondo um grupo de controlo a notícias no site do meio de comunicação social e outros grupos à mesma notícia na rede social.
“Os resultados demonstram que a distribuição pelo Facebook afecta a credibilidade da notícia”, escrevem Rune Karlsen e Toril Aalberg em “Social Media and Trust in News: An Experimental Study of the Effect of Facebook on News Story Credibility“. E “o efeito é maior quando os políticos são os remetentes-intermediários”, pela “algo complexa relação entre percepções da credibilidade da mensagem e da ideologia política”.
Se existe uma identificação positiva com o remetente-intermediário, “qualquer efeito negativa é menor ou não-existente”. Em sentido contrário, as pessoas tendem a desvalorizar as notícias partilhadas por alguém que não é do seu espectro político. Estes efeitos são independentes da orientação política percebida na fonte original como, nos casos analisados, entre o canal público NRK e o comercial TV 2.
Os autores reconhecem que, no âmbito das “fake news”, “os resultados são tranquilizadores: as pessoas confiam menos nas notícias que consomem nas redes sociais. No entanto, os resultados também sugerem que a partilha de notícias nas redes sociais pode contribuir para a diminuição da confiança nas notícias a longo prazo”.
Os resultados da investigação, no entanto, são omissos relativamente às notícias partilhadas por amigos, sabendo-se que se uma pessoa confia noutra, é mais provável acreditar também em conteúdos que lhe são enviados.
Os investigadores salientam igualmente que a Noruega tem reduzidos problemas com as “fake news” e elevados níveis de confiança nos media em geral (57% nos media em geral mas apenas 18% nos media sociais).
Por fim, “embora o efeito da distribuição do Facebook seja forte e significativo, não é o caso de as pessoas realmente desconfiarem das notícias que lêem no Facebook, pelo menos não quando a fonte original das notícias é visível. Ainda assim, se o cepticismo é o novo normal, as consequências da partilha de notícias nos media sociais para a confiança a longo prazo no jornalismo e na produção de notícias podem ser graves”.