A revolução no uso de computadores no local de trabalho, que começou na década de 1980, afectou os trabalhadores mais velhos que não entendiam de tecnologia. Eles enfrentaram cortes de salários, reformas precoces e transferências para empregos menos intensivos.

Em “Computerization, Obsolescence, and the Length of Working Life“, Péter Hudomiet e Robert J. Willis estudam como a informatização afectou os trabalhadores mais velhos entre 1984 e 2017. Eles descobriram que a lacuna de conhecimento informático entre trabalhadores mais velhos e mais jovens nos EUA atingiu o pico na década de 1980 e no início da década de 1990, e começou depois a diminuir. E desapareceu em meados da década de 2010.

Os investigadores usam as respostas a uma série de inquéritos do governo [dos EUA] para calcular a probabilidade de os trabalhadores com mais de 50 anos estarem equipados com os conhecimentos de informática exigidos para as suas ocupações. A sua medição da falta de conhecimento captura até que ponto os trabalhadores ficam aquém do conhecimento informático. Por exemplo, se 70% do secretariado com idades entre 40 e 49 anos em 1992 usasse processadores de texto em vez de máquinas de escrever, e se 60% do secretariado com mais de 50 anos o fizesse, a lacuna de conhecimento seria de 10 pontos percentuais.

Os investigadores estimam que este “knowledge gap” informático aumentou a probabilidade de trabalhadores mais velhos – com idades entre 50 e 69 anos – se reformassem entre 1 a 1,4 pontos percentuais por ano. Isto aumentou a taxa de reforma nessa faixa etária de cerca de 8% para mais de 9% ao ano. Eles também estimam que uma falta de conhecimento de 10 pontos percentuais reduziu os salários anuais em pelo menos 2,5%, e talvez mesmo até aos 7%.

Quatro subgrupos da população foram particularmente afectados pelas faltas de conhecimento: mulheres, trabalhadores de escritório, trabalhadores com alguma educação universitária e trabalhadores com idades entre 60 e 64 anos. As mulheres podem ter sido mais afectadas porque eram menos propensas a aprender a usar computadores do que os homens. Os trabalhadores de escritório, como guarda-livros, podem ter visto os computadores a substituírem os seus empregos. Trabalhadores com maior nível educativo podem ter tido mais oportunidades de encontrar trabalho sem grande intensidade de informática. E para os trabalhadores mais velhos em geral, as empresas podem ter decidido que não valia a pena re-treinar aqueles que já estavam perto do fim das suas carreiras.

O impacto dos computadores nas perspectivas de um trabalhador estava associado à sua educação. Entre os que abandonaram o ensino médio, a fracção de utilizadores de computadores no trabalho permaneceu baixa durante o período em estudo. Entre os formados com o ensino médio, o uso do computador no local de trabalho tornou-se significativo durante a década de 1990.

Para algumas ocupações, como manutenção e serviços de alimentação, o uso do computador permaneceu insignificante. Os trabalhadores mais velhos em ocupações moderadamente qualificadas, como gestão de propriedades, vendas e supervisão em fábricas, ficaram para trás em relação aos seus pares mais jovens no conhecimento da informática até ao actual século.

* Artigo e gráfico de Steve Maas, publicado no National Bureau of Economic Research. Foto: Chicago Transit Authority (CC).