Num momento em que as campanhas anti-vacinas e anti-uso de máscaras se sobrepõem, uma vaga de desinformação está a conseguir “fazer o impensável“: levar os fãs destas teorias da conspiração a usarem máscaras e a manterem o distanciamento social.

Esta conspiração declara que as pessoas vacinadas vão “derramar” proteínas nos não-vacinados que assim “sofrerão efeitos adversos. A preocupação é que este “derramamento” possa causar “menstruação irregular, infertilidade e abortos espontâneos”. A ideia – sem qualquer base científica ou contexto, como é normal acontecer nestes casos – “é a engrenagem-chave numa conspiração maior de que o Covid-19 foi um estratagema para despovoar o mundo, e a vacina é o que vai liquidar as pessoas”.

Desta forma, os defensores anti-vacinas estão a “instruir” os colegas que não querem as vacinas ou usar máscaras para “que uma das melhores maneiras de se defenderem dessa praga é cooptar… o distanciamento social, uma estratégia que há muito condenam”. E dificilmente faria parte de qualquer manual de combate à desinformação.

A crença em conspirações sobre o Covid-19 aumentou nos EUA “entre as pessoas que relataram ser grandes utilizadores de media conservadora e social” (como a Fox News, a Breitbart News ou o Drudge Report), segundo um novo estudo agora publicado por investigadores do Annenberg Public Policy Center.

Essas pessoas “eram mais propensas a acreditar num grupo de conspirações sobre o Covid-19” mas esse estudo publicado no Journal of Medical Internet Research descobre como “a dependência dos media sociais ou conservadores na realidade antecipou um aumento” nessas crenças entre Março e Julho de 2020. Elas foram associadas “a um menor uso de máscara e diminuição das intenções de obter uma vacina quando ficou disponível”.

Para acelerar o combate à desinformação, a Comissão Europeia integrou medidas no Digital Services Act (DSA) que apresentou aos governos nacionais, de acordo com um documento revelado pela Euractiv.

O documento revela como o DSA tenciona lidar com a desinformação, numa reformulação pedida por países como a Alemanha, Áustria e Finlândia.

A proposta da Comissão aborda a desinformação em quatro vertentes, começando “através de uma abordagem co-regulatória que inclui as partes interessadas na definição dos critérios mínimos e na forma como serão concebidos, numa tentativa de permitir a flexibilidade necessária para fazer face aos riscos num ambiente digital em rápida evolução”.

Em segundo, pretende “combater o conteúdo ilegal e os riscos sistémicos, seguindo-se o reforço de poder dos utilizadores relativamente, “em particular, aos anúncios, pois eles foram identificados como amplificadores-chave para disseminar desinformação”.

Por último, “a Comissão alega que o DSA impõe uma abordagem diligente, fornecendo obrigações vinculativas de gestão de risco em plataformas online”.

“A Comissão apresenta a sua abordagem baseada no risco e centrada no nível sistémico e não no conteúdo específico”, nota a Euractiv, lembrando que em paralelo “têm decorrido outras iniciativas para disciplinar os conteúdos ilegais, nomeadamente um regulamento sobre a prevenção da divulgação de conteúdos terroristas em linha, aprovado pelo Parlamento Europeu a 28 de Abril”.