Os agregadores de notícias como o Google News têm um impacto no tráfego para os sites de notícias online e o seu encerramento “reduz o consumo geral de notícias em cerca de 20%” pelos utilizadores e as visualizações de páginas nos media em 10%.
O problema afecta principalmente os pequenos editores, refere o recente estudo “The Impact of Aggregators on Internet News Consumption“, de Susan Athey, da Stanford University, Markus Mobius (University of Michigan) e Jeno Pal (Central European University), publicado em Abril de 2021.
Este confirma algo que a Comissão Europeia sabe desde 2017, quando foi denunciada pela eurodeputada Julia Reda por “ordenar a não publicação de um estudo onde se demonstra como os agregadores de notícias têm um impacto positivo para os media”. Por sua vez, a análise da CE validava uma outra apresentada no mesmo ano pela consultora NERA para a Asociación Española de Editoriales de Publicaciones Periódicas.
É precisamente sobre Espanha que o trabalho mais recente aborda o assunto, “uma experiência natural porque a Google News foi totalmente desactivada em resposta a uma reforma de direitos autorais promulgada em Dezembro de 2014” naquele país.
Os investigadores notam que, com o encerramento do agregador, “os utilizadores podem substituir alguns, mas não todos os tipos de notícias que liam antes”, nomeadamente “as notícias de última hora, as mais difíceis e outras que não são bem divulgadas pelos seus editores de preferência”.
Desta forma, “essas categorias de notícias explicam a maior parte da redução geral no consumo de notícias e esclarecem os mecanismos através dos quais os agregadores interagem com os editores tradicionais”.
Apesar disto, os media pediram “regulação, resultando numa série de intervenções políticas numa variedade de países, incluindo a acção regulatória em Espanha”, a que se seguiu em Abril de 2019 uma operação mais vasta liderada pela Comissão Europeia, quando “aprovou uma reforma significativa”, com a directiva relativa aos direitos de autor e direitos conexos no mercado único digital.
O artigo 15º dessa directiva nota que certos direitos previstos “não se aplicam à utilização de termos isolados ou de excertos muito curtos de publicações de imprensa” e, segundo os investigadores, “deixa aos Estados-Membros a responsabilidade de implementar as especificidades” desses direitos.
A análise destaca que, “embora os grandes editores possam não ver um efeito nas visualizações de página em resultado dos agregadores, eles podem perder tráfego para a sua página inicial, bem como o seu papel na curadoria de notícias, conforme os leitores lêem artigos referidos pelo Google News às custas de artigos referidos nas suas próprias páginas iniciais (que os jornais monetizam muito melhor do que os artigos)”.
Desta forma, “se os leitores não prestarem atenção à identidade do editor ao ler artigos no Google News, os grandes editores podem perder os seus incentivos para manter uma reputação de qualidade, e os consumidores podem ficar menos dispostos a ter uma assinatura com esse editor ou a usar a sua aplicação móvel”.
O estudo, financiado pela Microsoft Research, refere ainda que se focou “apenas em algumas semanas antes e depois da mudança” em Espanha, sendo necessários dados mais trabalhados.
(Act.: título anterior, “Com agregadores de notícias, pequenos editores perdem audiência e grandes a sua preponderância”, alterado. Obrigado, AEM).