A abordagem “America First” do Facebook deixa os cidadãos europeus – incluindo os portugueses – sem defesas para combater a desinformação, facilitando o acesso a conteúdos errados ou falsos relacionados com a pandemia.

56% dos conteúdos de desinformação nos idiomas europeus não-ingleses não são analisados pelo Facebook, “em comparação com apenas 26% do conteúdo em inglês analisados pelos verificadores de factos nos Estados Unidos”, revela o estudo “Left Behind: How Facebook is neglecting Europe’s infodemic“, da Avaaz.

Os italianos “estão menos protegidos da desinformação, faltando medidas para 69% do conteúdo italiano examinado”, seguindo-se os franceses e os portugueses em que, neste último caso, apenas metade dos conteúdos em português são analisados. Os falantes de espanhol estão mais protegidos (falhas em 33% dos conteúdos) mas ainda assim um valor mais elevado do que os conteúdos em inglês.

A análise demonstra que, “em média, o Facebook é quase uma semana mais lento a rotular conteúdo falso noutro idioma, levando 29 dias para esse conteúdo em comparação com 24 dias para conteúdo falso em inglês”. Mas, nalguns casos que apresenta, incluindo exemplos em português, a rede social nem sequer os tinha removido.

A conclusão, segundo a Avaaz (um movimento global com mais de 66 milhões de membros), é que “a auto-regulação da media social falhou: um ano após o início da pandemia, o Facebook não cumpriu a sua promessa de identificar totalmente a desinformação relacionada com o Covid-19 e as vacinas na Europa”.

O estudo foi baseado numa amostra de 135 conteúdos de desinformação em cinco línguas (inglês, francês, italiano, espanhol e português), detectada pela equipa de investigação da Avaaz e que também foi registada por verificadores de factos (Observador e Polígrafo, no caso nacional).