Anda-se a pesquisar mais no Google mas muitos dos resultados nesse motor de buscas não têm qualquer consequência, ou seja, os utilizadores não prosseguem para os resultados do que procuravam.

Esta constatação deriva de um trabalho iniciado em Agosto de 2019, quando “50,33% de todas as pesquisas do Google terminaram sem um clique em qualquer propriedade da Web nos resultados”.

A actualização, realizada entre Janeiro e Dezembro do ano passado mostra que “64,82% das pesquisas no Google (desktop e telemóvel combinados) terminaram nos resultados da pesquisa sem clicar noutra propriedade da Web. Esse número provavelmente está subestimando algumas pesquisas por dispositivo móvel e quase todas as pesquisas por voz e, portanto, é provável que mais de 2/3 de todas as pesquisas do Google sejam o que chamo de ‘pesquisas sem clique'”.

O autor alerta que a comparação não é idêntica porque há dois anos os resultados eram apenas para os EUA, quando agora são globais. E agora combina dispositivos móveis e desktop, incluindo dispositivos da Apple com o sistema operativo iOS. No entanto, refere, “parece provável que, se o painel anterior ainda estivesse disponível, mostraria uma tendência semelhante de aumento da canibalização de cliques pelo Google”.

Além dos 64,82% de pesquisas sem clique para outro conteúdo da Web, “as pesquisas que resultam num clique são muito maiores em computadores” e as que resultam sem que clique posterior “são muito maiores em dispositivos móveis”.

A boa notícia, refere autor, é que “há mais pesquisas no Google hoje do que nunca e mais cliques disponíveis também”. Em sentido contrário, “nos últimos três anos, o Google tem sido o grande beneficiário do aumento do volume de pesquisas em todo o mundo e, à medida que a pandemia tira mais pessoas dos seus laptops e desktops e as coloca de volta aos seus dispositivos móveis, o problema da pesquisa sem clique deve aumentar ainda mais”.

Resposta da Google

Após a publicação do trabalho, a Google respondeu haver “muitos bons motivos” para ocorrerem “zero cliques”, como o facto de as pessoas reformularem as suas consultas (“elas podem começar com uma pesquisa alargada, como ‘ténis’ e, após analisarem os resultados, perceber que realmente queriam encontrar ‘ténis pretos'”. Normalmente, haveria uma nova pesquisa mas a anterior seria considerada como uma com “zero clique”. A opção de “pesquisas relacionadas” tenta ajudar nesse contexto.

Outro motivo passa por as pessoas procurarem respostas rápidas que o motor de busca fornece sem necessitar de enviar o utilizador para qualquer site. Isso sucede com informação meteorológica, resultados desportivos, conversões cambiais ou de distâncias, por exemplo.

Pode ainda suceder que as pessoas obtenham este tipo de informação para negócios locais. Ao pesquisar por um restaurante, este pode apresentar o endereço ou o horário de funcionamento, sendo desnecessário clicar no negócio para obter essa informação.

Por fim, a empresa considera ainda que os “zero cliques” podem derivar das pessoas navegarem directamente para as aplicações após as pesquisas, como sucede com programas de TV, em que se terá links para as apps de fornecedores de streaming como o Netflix ou a Amazon, por exemplo.