Os chefes de governo na Europa usam o Twitter para abordar principalmente as questões internas do seu país. Apenas uma em cada cinco mensagens aborda temas europeus.

Os dados constam do estudo “The Twitter activity of members of the European Council – A content analysis of EU leaders’ use of Twitter in 2019-20“, do European Parliamentary Research Service (EPRS).

O estudo envolveu a análise a 31.004 “tweets” de 34 chefes de governo europeus entre Janeiro de 2019 e Junho de 2020 e detectou uma selecção de apenas 45 diferentes temas relacionados com a Europa.

“Como seria de esperar, os líderes da UE geralmente estão muito mais envolvidos na política interna do que nas questões europeias; uma conclusão positiva do estudo é, no entanto, que os ‘tweets’ relacionados com a UE correspondem, em média, a quase 20% de todos os tweets” registados no estudo, com apenas duas excepções a chegarem aos 40%.

Curiosamente, os que usam menos o Twitter tendem a fazê-lo mais para as questões europeias, revelam as conclusões do estudo.

Os eventos são o assunto mais abordado e “uma das lacunas na sua comunicação sobre a UE através da plataforma parece residir na falta de explicações sobre a UE e as questões europeias fornecidas pelos líderes da UE nos seus ‘tweets’. Embora se possa argumentar que o tamanho de um ‘tweet’ limita a possibilidade de explicar questões complexas, os líderes da UE podem sempre inserir uma hiperligação, vídeo ou site para fornecer mais detalhes”.

António Costa é mencionado por ser dos poucos responsáveis de governo a falar da adopção da Agenda Estratégica da UE, embora sem explicar do que se tratava.

Volta a ser referido, com Pedro Sánchez, para exemplificar como estes líderes europeus se focam na sua filiação política ou questões políticas domésticas – em ambos os casos, procuraram favorecer uma visão mais justa e social para a Europa e no desenvolvimento do pilar europeu dos direitos sociais.

Em geral, a língua usada nas mensagens é a nativa embora, para conseguirem maiores audiências, possam adoptar outras como o inglês. Por exemplo, nas discussões sobre o quadro financeiro multi-anual para 2021-27, Costa usou o inglês para explicar como se tratava de um “grande erro”.

O primeiro-ministro português utilizou esta estratégia em 29% dos casos, atrás de Mark Rutte (36%) mas à frente de Emmanuel Macron (14%).

Costa é ainda salientado por ter sido o único líder a tuitar que o Conselho Europeu estava solidário pelas perdas ocorridas com o ciclone Idai em Moçambique, Zimbabué e Malawi.