As empresas da chamada “junk food” aproveitaram o que alegaram ser iniciativas de responsabilidade social para promover as suas comidas ultraprocessadas e bebidas açucaradas.

O relatório “Facing Two Pandemics: How Big Food Undermined Public Health in the Era of COVID-19“, a Global Health Advocacy Incubator (GHAI) aponta empresas como a Coca-Cola, McDonald’s, Nestlé ou PepsiCo de se aproveitarem da pandemia e mostra a falta de regulação a nível mundial que a “Big Food” aproveita para, “apresentando-se publicamente como benfeitores, influenciam ao mesmo tempo directa e indirectamente as políticas e colocam as pessoas desfavorecidas em maior risco”.

Nos EUA, os exemplos apontam como Lunchables, Frosted Flakes e McDonald’s colocaram publicidade na plataforma de ensino online ABCya, “misturando perigosamente marketing com informações educativas e posicionando essas empresas como fontes fiáveis de informações relacionadas com a saúde”.

No Brasil, a última empresa colocou “vídeos no Twitter mostrando crianças a pressionarem os pais a irem ao McDonald’s durante o confinamento para adquirirem comida em segurança através do ‘drive-thru’ sem contacto”.

No Japão, “a Coca-Cola incentivou as pessoas a fazerem exercício em casa durante o confinamento através de vídeos de exercícios online, prometendo doar até um milhão de bebidas para utilizadores de apps que dessem 1.000 passos por dia”.

O relatório, disponibilizado na semana passada, mostra como estas multinacionais “aproveitaram a pandemia de Covid-19 como uma oportunidade única para comercializar agressivamente os seus produtos ultraprocessados e insalubres especialmente para as populações vulneráveis, ao mesmo tempo que influenciam directa e indirectamente as políticas de alimentação saudável”.

O estudo “baseia-se em cerca de 300 exemplos recolhidos em 18 países entre Março e Julho de 2020 para revelar como a falta de regulamentações de alimentos saudáveis em todo o mundo permitiu que a Big Food usasse a crise global para limpar a sua imagem pública e, ao mesmo tempo, minar a saúde pública”.

Segundo a GHAI, este tipo de alimentos contribui para “a obesidade, doenças cardiovasculares e doenças relacionadas com a alimentação”.