O cansaço pandémico com a informação noticiosa pode ter atingido um ponto elevado mas o apreço e o valor pelo jornalismo aumentaram “significativamente” durante a pandemia.

A conclusão é do estudo “World Without News“, realizado pelas organizações britânicas Newsworks, Office of Ideologies, Map the Territory e Tapestry Research, para analisar “o papel das marcas noticiosas na paisagem contemporânea”. O estudo foi realizado antes da pandemia e, numa segunda fase, entre Fevereiro e Agosto de 2020.

Apesar das “fake news” e da desinformação, 66% dos consumidores de notícias apreciam e valorizam mais o jornalismo desde o início do ano – uma percentagem que aumenta em mais 11 pontos percentuais para os menores de 35 anos.

Este segmento usa bastante as redes sociais mas 70% “sente-se menos ansioso sobre uma notícia que viu na media social após a ter validado num meio noticioso”.

A mesma percentagem mas para todos os 1.135 inquiridos considera que “um mundo sem jornalismo prejudicaria uma sociedade democrática”. No geral, consumir notícias ajuda os indivíduos a ligarem-se a outras pessoas, a “calibrar o mundo” e a prosperar.

No caso dos EUA, a maioria (81%) considera os media como “críticos” (42%) ou “muito importantes” (39%) para a democracia. Os norte-americanos “ainda valorizam os papéis tradicionais dos media na sociedade”, nomeadamente nas notícias fiáveis e atentos às acções dos interesses instalados.
Os dados foram obtidos para o inquérito “American Views 2020: Trust, Media and Democracy“, realizado pela Gallup e a Knight Foundation entre Novembro de 2019 e Fevereiro de 2020, antes da pandemia e do movimento para a justiça racial.

Os cidadãos dos EUA consideram que os media têm um crescente enviesamento e suspeitam de que erros nas notícias visam dinamizar uma “agenda específica”.

As opiniões relativamente aos media eram mais vincadas perante o vínculo partidário (67% dos Republicanos eram mais desfavoráveis relativamente aos media, perante 20% dos Democratas e 48% dos independentes), e os media eram vistos como responsáveis pela divisão política.

“Os americanos sentem-se geralmente sobrecarregados com o volume e a velocidade das notícias, mas afirmam que a desinformação online é o maior problema dos media. Os que estão sobrecarregados têm maior probabilidade de recorrer a uma ou duas fontes de notícias fiáveis como solução”, refere ainda o inquérito.