Para as autoridades, a criptografia é “uma ameaça única e urgente”, que as impede de aceder aos dados dos utilizadores.
No entanto, este tipo de esforços do governo teriam um impacto negativo em indivíduos e empresas. Desta forma, “banir a tecnologia não é a resposta”, salienta a Information Technology and Innovation Foundation (ITIF) em “Why New Calls to Subvert Commercial Encryption Are Unjustified“.
O relatório desta organização norte-americana refere como pontos essenciais que:
– apesar da criptografia oferecer a indivíduos e organizações os meios para proteger a confidencialidade dos seus dados, interfere na capacidade da aplicação da lei para prevenir e investigar crimes e ameaças estrangeiras;
– os avanços tecnológicos frustram há muito alguns na comunidade policial, dando origem a vários esforços para subverter o uso comercial da criptografia, desde o Clipper Chip nos anos 90 do século passado ao caso San Bernardino duas décadas depois;
– após o fracasso dessas tentativas anteriores para contornar a criptografia, algumas autoridades pedem agora ao Congresso uma “opção nuclear”, fazendo aprovar legislação que proíba a criptografia “à prova de mandado judicial”;
– isto representa uma medida extrema e injustificada que pouco faria para tirar a criptografia dos maus actores e tornaria os produtos comerciais menos seguros para consumidores e empresas comuns, prejudicando a competitividade dos EUA.
Em conclusão, refere a ITIF, “o debate sobre a criptografia continuará a ser uma questão política muito disputada no futuro próximo”.
O “desenvolvimento sustentado de tecnologias cada vez mais seguras significará que a criptografia continuará a afectar os métodos e as operações da aplicação da lei e da comunidade de inteligência, e essas comunidades terão que se adaptar às novas circunstâncias”.
A instituição defende que “a política do governo dos EUA deve ser a de defender a criptografia em casa e no exterior, como base para uma Internet mais segura e fiável”, afastando-se da “opção nuclear” pois “acabaria sendo ineficaz e míope, sacrificando ganhos de longo prazo em cibersegurança e competitividade nacional para capacidades de aplicação da lei a curto prazo”.
* Foto: Christiaan Colen (CC BY-SA 2.0)