Esta noite de quinta-feira, a Dinamarca vai retomar os jogos de futebol. Outros países se vão seguir – a maioria com estratégias diferentes para ter audiências virtuais.

Após a retoma futebolística da Alemanha no fim de semana, a Dinamarca vai ter a disputa entre o AGF Aarhus e os rivais Randers, com uma audiência virtual “presente” em ecrãs de 40 metros por três metros de altura.

Sobre a parceria com a Zoom, o responsável de media do AGF Aarhus esclareceu como “nunca estive tão ocupado antes de um jogo, o que é engraçado quando não há espectadores”. Após ter sido testado com imagens em cartão, em modelo “drive-in” e no passado fim de semana com 50 fãs, Soren Carlsen antecipa que será “um grande encontro Zoom, com 10 mil pessoas ao microfone” a cantar em uníssono.

Os espectadores pagaram – incluindo pelo lugar preferido – para assim verem o jogo.  Algo semelhante ocorreu com o clube alemão Borussia Monchengladbach, com 2.000 cartões a anteciparem-se a mais uns esperados 6.000 fãs.

Na Bielorússia, o modelo é misto e inclui só “manequins” em cartão – à semelhança do que faz o Dynamo de Brest noutros encontros onde também assistem pessoas.

Na Coreia do Sul, a audiência de um jogo foi preenchida com umas poucas bonecas sexuais que, curiosamente, mantinham o distanciamento social. Esta utilização para promover um vendedor de brinquedos sexuais deu uma multa ao FC Seoul por assim ter “humilhado as fãs“.

Nos EUA, após se terem fornecido cenários de fundos para as comunicações Zoom, alguns estádios devem ter audiências virtuais nos encontros da National Football League.

Em Espanha, o som dos aplausos será imitado, usando gravações antigas, enquanto opções mais recentes permitem interagir de forma sonora em tempo real usando a solução “Remote Cheerer”:

Todas estas opções são percebidas pelo relato de quem já assistiu a um jogo sem audiência, como o texto de 1993 do filósofo Jean Baudrillard, citado neste artigo:

…um mundo em que um evento “real” ocorre no vácuo, despojado do seu contexto e visível apenas de longe, televisivamente. Aqui temos uma espécie de prefiguração cirurgicamente precisa dos eventos do nosso futuro: eventos tão mínimos que talvez não precisem de ocorrer – junto com o seu alargamento máximo nos ecrãs. Ninguém terá experimentado directamente o curso real de tais acontecimentos, mas todos receberam uma imagem deles. Um evento puro, por outras palavras, desprovido de qualquer referência à natureza e facilmente susceptível à substituição por imagens sintéticas.