A interacção homem-máquina pode ser benéfica para as máquinas, como se demonstra neste artigo “Ame um robô ou deixe-o (para ser um falhado…)“.
Agora, um estudo desenvolvido por Celso de Melo pretende entender o impacto das máquinas autónomas na tomada das decisões humanas.
Em “Cooperation with autonomous machines through culture and emotion“, o investigador – formado no Instituto Superior Técnico, em Lisboa – nota como as pessoas adoptam normalmente uma “categorização social distinguindo os humanos (‘nós’) das máquinas (‘elas’), o que leva a uma reduzida cooperação” com estas.
No entanto, a introdução da etnia numa face virtual da máquina diminui este enviesamento em “culturas distintas” como as do Japão e dos EUA. (Aliás, ocorre o mesmo nas interacções entre bots e humanos – quando estes sabem que estão a lidar com máquinas ou entidades virtuais, a disponibilidade para a colaboração decresce.)
Este tipo de investigação é importante para os militares, no âmbito da tomada de decisão. Celso de Melo é investigador de computação no U.S. Army Combat Capabilities Development Command do Army Research Laboratory.
Com Kazunori Terada, professor da japonesa Gifu University, a investigação desenvolvida por ambos pode ter aplicações práticas para promover a cooperação homem-máquina. No estudo e perante o viés humano, referem como “as máquinas autónomas agem presumivelmente a favor de (um ou vários) humanos que, logicamente, são os últimos alvos de qualquer decisão efectuada com estas máquinas”.
Encorajador é o facto de “o comportamento com estas máquinas parecer ter os mesmos mecanismos psicológicos da interacção” entre humanos. Em termos de resultado final, esta aproximação pode “introduzir uma oportunidade única para promover uma sociedade mais cooperadora”.