A Chicklopedia, uma aplicação para Android, não obteve autorização da rede social Facebook para usar os dados pessoais dos seus utilizadores.
A aplicação, desenvolvida por Eduardo Alves, classificava as mulheres segundo vários critérios e era a versão para homens de uma outra semelhante, denominada de Lulu e que fazia o mesmo mas por mulheres a classificarem os homens. O seu mercado preferencial era a América do Norte e apresentava-se como a primeira app neste segmento exclusivamente para homens.
Num processo de tentativa formal de aprovação, o Facebook explicou ao programador que as suas “normas de comunidade” proibiam a classificação de indivíduos sem o seu prévio consentimento. Eduardo Alves devia assegurar a autorização dos utilizadores através de um modelo de “opt-in” ou parar a utilização dos dados obtidos no Facebook.
Os avaliadores notam ainda que das três aplicações semelhantes sugeridas por Eduardo Alves para aprovação da Chicklopedia, duas não estavam funcionais.
A apresentação em vídeo mostra como a app se servia para registo dos seus utilizadores através do Facebook.
A avaliação da rede social aponta que o número mensal de utilizadores activos era baixo (cerca de 660 utilizadores) e que a aplicação parecia “ligeiramente agressiva sexualmente” e semelhante a uma outra polaca, a MySIeo.
A 6 de Fevereiro, o Facebook desactiva a aplicação. No dia seguinte, a Chicklopedia informa a rede social que a aplicação ter sido “suspensa temporariamente” afectava financeiramente o projecto quando este estava a investir no plano de marketing. O site da aplicação é actualmente usado para conteúdos pornográficos.
Eduardo Alves formou-se em ciência informática na Universidade Nova de Lisboa, entre 2008 e 2013. Foi o programador-chefe da Chicklopedia entre Fevereiro de 2013 e Maio do ano seguinte. Antes, desempenhou funções técnicas na KitchPack, BetApp ou BTMCleaning.
A troca de emails entre o programador e o Facebook faz parte das milhares de páginas de documentos internos que a rede social foi obrigada a disponibilizar ao tribunal.
Os documentos não deviam ter sido divulgados e serviam para o caso judicial em que a empresa Six4Three acusou o Facebook por este ter removido da plataforma social a sua aplicação de pesquisa para fotografias de mulheres em bikini, também em 2014.