Um mero pixel usado por uma aplicação móvel para rastrear os seus utilizadores levou a milhares de prisões após a tentativa de golpe de Estado na Turquia, em 2016, para depor o presidente Tayyip Erdogan.
A associação dos utilizadores da “app” byLock aos seguidores de Fethullah Gülen (que Erdogan considerou ser o responsável pela tentativa mas ele negou), levou à prisão de muitos desses utilizadores.
De um grupo de cerca de 150 mil turcos presos, 30 mil foram depois considerados inocentes, entre os quais 11.480 utilizadores da byLock que foram posteriormente ilibados pela polícia turca.
Desenvolvida pela Bylock.net, o seu uso levava a aceder a servidores mesmo que o utilizador não o soubesse ou estivesse a usar outras “apps” como para os horários de reza, para saber a direcção de Meca ou simplesmente porque acederam a ligações WiFi.
A aplicação foi usada entre 2014 e 2016. Semelhante à WhatsApp, permitia comunicações mais secretas e potencial uso criminoso. Os seus servidores foram atacados em 2015, com a exposição de nomes e de acessos.
Em 2016, a aplicação foi considerada como a criação de “programadores de software amadores que deixou informação importante sobre os seus utilizadores não cifrada“.
Isso não impediu um responsável turco de afirmar que os dados tinham permitido o acesso à rede (“pelo menos a uma grande parte da mesma”) e a considerar que “um grande número de pessoas identificadas pelo byLock esteve directamente envolvido na tentativa de golpe”.
No ano passado, sob pressão de um tribunal de Istambul, a polícia local foi obrigada a considerar ter recebido uma lista de “pelo menos 53 mil pessoas que usavam a aplicação” criada pela agência de espionagem interna MIT e que ela não poderia ser usada como prova em tribunal.
Um outro estudo de 2017, realizado pela oposição a Erdogan, considera igualmente que “a prisão de 75 mil suspeitos porque transferiram a aplicação byLock é arbitrária e ilegal”.